Renata Giraldi
Da Agência Brasil, em Brasília
Ao imaginar um prato ou uma bebida que dá água na boca, as pessoas
podem ir além do salgado, doce, amargo e azedo. É a descoberta de um
quinto sabor básico: o umami. A palavra, de origem japonesa, significa
delicioso e saboroso. Na prática, o umami é reconhecido por ser
duradouro, ficando na boca por mais tempo do que os demais sabores.
Inconscientemente ou não, as pessoas tendem a não exagerar quando
ingerem algo cujo sabor predominante é o umami.
O umami está presente em vários alimentos e temperos que ocupam a mesa
do brasileiro, como o queijo parmesão, os peixes, os frutos do mar, o
tomate, os cogumelos, o molho shoyo e algumas carnes.
Há oito anos, cientistas brasileiros da área de Toxicologia de
Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de
São Paulo, pesquisam em ratos os efeitos biológicos (aspectos
bioquímicos) de uma das substâncias responsáveis por esse quinto sabor -
o glutamato monossódico.
O professor Felix G. Reyes, da Unicamp, que coordena o grupo de
pesquisas, lembrou que a descoberta do umami foi gerada pela percepção
do glutamato como realizador de sabor nos alimentos. Segundo o
professor, em seguida foi verificado que o inosinato e guanilato também
contribuem com o umami.
Reyes destacou ainda que o gosto doce está associado à glucose e à
sacarose, o salgado ao cloreto de sódio (sal de cozinha), no amargo há
um conjunto de elementos que são na sua maioria orgânicos e no azedo a
sensação gustativa depende da concentração do íon hidrogênio.
Ao comer ou beber algo são acionados de 7.500 a 12.000 botões
gustativos, que ficam na boca. O que parece simples e automático é
identificado pela língua, que percebe os gostos doce, azedo, salgado,
amargo e umami, e transmite as informações para o cérebro por meio dos
nervos gustativos.
“A descoberta do umami é do começo do século 20, no Japão, quando o
pesquisador Kikunae Ikeda, da Universidade Imperial de Tóquio, fez
pesquisas e chegou à conclusão que existe um quinto sabor, daí o nome
umami ser de origem japonesa”, disse Reyes que, atualmente, desenvolve
pesquisas para avaliar o uso seguro do glutamato como aditivo alimentar
para observar possíveis efeitos que esse composto possa provocar no
organismo humano.
O pesquisador acrescentou ainda que o uso do glutamato como aditivo
alimentar é autolimitante, pois os resultados mostram que o exagero na
ingestão de um alimento ou tempero nos quais predominam o umami causam
uma sensação desagradável.
Reyes disse também que efeitos adversos à saúde têm sido associados ao
glutamato quando o organismo é exposto por uma via que não seja a oral.
Assim, de acordo com ele, é necessário avançar nas pesquisas para
verificar os impactos das substâncias que integram o umami, quando
ingeridas junto com os alimentos.
“Em conclusão, as evidências científicas indicam que essas moléculas
[que formam o umami] são seguras quando usadas como aditivos
alimentares. Mas é preciso desenvolver mais pesquisas. Queremos
verificar se há impactos bioquímicos, hematológicos ou outros efeitos
adversos ao organismo”, disse Reyes.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/2012/04/14/cientistas-identificam-o-umami-como-um-quinto-sabor-encontrado-em-alguns-alimentos-e-temperos.jhtm
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