Preocupados com o meio ambiente e a opinião
pública que, atualmente, tem monitorado as práticas sustentáveis
empresariais, alguns restaurantes optam por ações diferenciadas e
criativas para a economia de energia elétrica
Em 2001, no Brasil, milhares de casas e
estabelecimentos comerciais tiveram de reduzir o consumo de energia
elétrica, sob o risco de ficarem completamente no escuro. Aparelhos
pouco ou não utilizados, banhos demorados, lâmpadas que aumentavam o
consumo foram reduzidos e, em alguns casos, até eliminados. Onze anos
depois, agora sem obrigatoriedade governamental, pode-se perceber a
herança desta época no comportamento dos consumidores que exigem um bom
tratamento ao meio ambiente. As empresas estão, cada vez mais, ligadas à
sustentabilidade e a iniciativas que, contribuindo para ações menos
agressivas à natureza, fornecem ganhos tanto em suas próprias imagens,
quanto na lucratividade dos locais.
Tendo a satisfação do consumidor como um de seus
pilares, a rede de fast food McDonald’s iniciou uma batalha contra o
desperdício de energia elétrica, conscientizando seus funcionários e
instalando aparelhagem técnica própria para esta ação. “É uma prática de
mercado, um diferencial que o cliente busca. O cliente, atualmente,
está mais esclarecido quanto a esse tema de sustentabilidade e procura
por empresas sérias neste ramo”, afirma Wilson Pissardini, diretor de
equipamentos e manutenção do McDonald’s.
De janeiro de 2008 até hoje, no Brasil, já são
encontrados 60 restaurantes com aquecedores solares e 170 controladores
de demanda espalhados por várias unidades da rede. Este último, “gera
uma economia na linha da cobrança de demanda, e a gente não estoura a
demanda contratada”, diz Pissardini. Além disso, nos shoppings, há
medidores de energia paralelos na gerência das lojas, já que nestes
centros de compras não há chaves liberadas a todos os funcionários para o
acesso a leitura geral de energia. Assim, “o gerente acompanha o dia a
dia e o consumo da energia do seu restaurante de acordo com o volume de
vendas que ele tem”.
Estes tipos de investimentos devem, no entanto, vir
acompanhados da conscientização dos trabalhadores, de acordo com
Pissardini. “Nós temos também, em boas práticas, um curso que a gente
chama de ‘Curso Básico de Utilidades’ em que o público alvo são os
técnicos de manutenção e gerentes de restaurantes. Ensinamos
praticamente todas as boas práticas. Tudo que é preciso saber para
economizar energia”. E, para isso, são usados alguns tipos de
equipamentos. “Nós desenvolvemos também o simulador de energia
eletrônico. O procedimento é simples. Se você encontra três fritadeiras
ligadas para o baixo número de vendas, e na verdade só precisaria de
uma, você vai lá no simulador, desliga duas fritadeiras e ele te mostra o
quanto você estava jogando dinheiro fora por hora, mês e ano”.
Intervenções como esta, que incluem o simulador, são
importantes porque conscientizam de uma maneira que apresenta a
relevância da ação. “A gente procura mostrar para o gerente do
restaurante em uma linguagem que todo mundo gosta de ouvir, em uma forma
financeira, ao invés de falar quilowatt-hora”, comenta Pissardini.
Em Bertioga, litoral de São Paulo, o McDonald’s conta
com uma unidade já certificada. E ela possui alguns diferenciais. “Esse
restaurante tem algo a mais. Tem controle de janelas para aberturas do
aproveitamento de vento da praia, onde há um fluxo de ar bastante forte.
Não se utiliza o ar condicionado. A janela automaticamente abre,
desliga o ar condicionado e, assim, há um consumo menor. Quanto aos
consumidores, isso é bem interessante porque é perceptível. O cliente vê
a janela abrindo e fechando de acordo com o vento”. Há, ainda,
sinalizações no restaurante que indicam os materiais reciclados que
foram utilizados na construção do lugar.
A economia é grande. “Nós estamos gastando hoje menos
energia elétrica do que a gente gastava em 2007, mesmo com toda a
inflação do custo de energia. Em 2007, os restaurantes abriam, na
maioria dos casos, às 10h da manhã. Hoje, com o café da manhã, nós
abrimos às 7h, o que demanda um maior consumo de energia, pois, na
média, são três horas a mais por restaurante. Toda a parte de
equipamentos do café da manhã, que é nova e que adicionamos ao
restaurante, também estão nessa conta. Nós temos hoje, mais de 100
restaurantes abrindo 24 horas, coisa que não tínhamos em 2007”, ressalta
Pissardini.
Energia na ponta dos pés
Entretenimento e sustentabilidade são parte da
proposta da casa de eventos e restaurante Eco House, localizada no
bairro Pinheiros, em São Paulo. Uma pista de dança bem peculiar coroa as
baladas realizadas no local. Abaixo de placas europeias, produzidas com
exclusividade para o estabelecimento, há um reservatório de água
proveniente da chuva, visível a todos. Quem anda ou dança ali contribui
para a preservação do meio ambiente, pois há geração de energia através
dos movimentos das pessoas. E é possível acompanhar isso de perto. Uma
torre chamada Generator Meter mostra a energia produzida pelo piso na
mesma hora em que o fenômeno acontece. A Eco House possui, ainda,
iluminação a base de LEDs e também iluminação natural, além de
aquecimento solar e sistema inteligente de refrigeração de ar. No que
diz respeito ao processo de produção das comidas, há a redução no uso de
equipamentos eletroeletrônicos.
A Little Eco House é um espaço destinado
especialmente para as crianças e é, aqui no Brasil, o primeiro salão
feito para o público infantil que conta com energia sustentável. No
local, as crianças entram em um mundo lúdico onde há brincadeiras que
não precisam do suporte de utensílios eletrônicos. Perna de pau, queda
em colchões, tecido acrobático e balanço de molas são apenas algumas das
opções destinadas aos consumidores mirins que podem contemplar
brinquedos inspirados nos desenhos feitos pelo pintor Leonardo da Vinci.
De acordo com o chef e empresário Eric Thomas, dono do local, as
crianças “saem exaustas de tanto brincar”.
Thomas decidiu se inteirar mais sobre a
sustentabilidade, percorreu alguns países e fez pesquisas a respeito do
tema. Assim, ele concluiu que “ainda não há nada similar ao seu
empreendimento no Brasil e no mundo”. A expectativa, no que diz respeito
a economia de energia, é de 50%. A conta de energia elétrica, que
contabilizava R$ 1.800, foi reduzida consideravelmente, chegando a R$
52. A conta de água também ficou mais barata, sofrendo redução de 70% do
valor.
Conhecimento sustentável
“O retorno é muito gratificante. As pessoas ficam
felizes de estar comendo aqui e saber que estão, de certa forma,
contribuindo na preservação do meio ambiente e melhorando a qualidade de
sua própria vida”. A frase acima foi dita por Sergio Chamma, gerente
geral do restaurante Copa Gastronomia & Futebol, localizado no
estádio do Morumbi, em São Paulo. No momento, a divulgação acerca do
conceito sustentável da empresa tem sido mais internamente, e não são
todos os consumidores que possuem informações sobre esta forma de
atuação do restaurante. No entanto, conforme avalia o gerente, quando
algo a respeito é anunciado, é possível saber a satisfação dos clientes
quanto ao conceito de sustentabilidade.
Fundado em agosto de 2009, com investimento inicial
de mais de R$ 1 milhão, o local mistura a paixão dos brasileiros pelo
futebol, ambiente sustentável e comidas mais saudáveis. O restaurante
possui equipamentos que economizam energia, como o fogão de indução, que
é capaz de esquentar apenas as panelas. O salão tem lâmpadas LEDs e o
local possui forro térmico, que reduz a utilização do ar condicionado.
“A ideia é trazer o mais possível deste conceito de sustentabilidade,
oferecendo um serviço diferenciado a um preço justo”, diz Chamma.
Refletindo nos ganhos financeiros, Chamma explica que
“a energia do restaurante, em vista do que é consumida nas outras
unidades, por causa das lâmpadas que nós utilizamos e pelos
equipamentos, a diferença na conta chega a quase 20% em relação ao
consumo de outras unidades”.
Para divulgar estas ações, o restaurante Copa
Gastronomia & Futebol já está investindo em publicidade. “Nós
estamos elaborando, agora, um novo site. Teremos na entrada do
restaurante um totem informativo. As pessoas receberão um folheto
informando quais os benefícios de elas estarem tornando-se clientes do
Copa”. O lado positivo de investir em sustentabilidade, além da
preservação do meio ambiente é o “retorno, a fidelização do cliente e a
procura”, finaliza Chamma. •
Fonte: http://www.foodservicenews.com.br
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