Fonte: Folha on line/MAGÊ FLORES
Em: 16/04/2013
Site
e página do Facebook, o recém-lançado BoicotaSP sugere que os
internautas deixem de ir ao Bar da Dona Onça, no centro de São Paulo, e à
lanchonete Meats, em Pinheiros, entre outros bares e restaurantes.
O
relato de um cliente na página questiona o preço do milk-shake de
sorvete Häagen-Dazs, uísque Jack Daniel's e cerveja Guinness servido no
Meats. Custa R$ 40 (o BoicotaSP anuncia, incorretamente, que o preço é
R$ 45).
O "prato feito" com omelete de queijo e tomate vendido no Bar da Dona Onça por R$ 36 também foi alvo de críticas no site.
Desde
a inauguração do BoicotaSP, no dia 8 deste mês, os administradores
receberam cerca de 300 reclamações sobre preços de eventos, taxas de
conveniência, valores cobrados em restaurantes, lanchonetes, bares e
padarias.
O
critério para a divulgação no site é que as reclamações tratem de
lugares que "cobram demais e entregam de menos", como diz o texto de
apresentação.
Segundo
um dos criadores do BoicoteSP, o publicitário Danilo Corci, o site já
saiu do ar muitas vezes nos últimos dias por conta da grande quantidade
de acessos. "As pessoas estavam engasgadas com a situação, tem sido uma
avalanche de reclamações. Com o tempo, acreditamos que o BoicoteSP vai
se 'autorregular', como uma Wikipédia: a quantidade e a forma do
conteúdo vão se estabilizar. A revolta que aparece nos comentários das
pessoas também vai diminuir".
Ele
acredita que a iniciativa estimula a discussão sobre o assunto e que as
manifestações dos estabelecimentos são bem-vindas. "Nós queremos as
respostas. Queremos entender por que a cidade está tão cara", diz.
O QUE DIZEM O CHEFS
Em
nota publicada hoje no BoicotaSP, o chef e proprietário da lanchonete,
Paulo Yoller, atribui a seus altos custos o valor cobrado. Ele cita o
preço dos ingredientes, de impostos, aluguel e outros gastos fixos.
"Temos
um comércio, ou seja, temos fins lucrativos. Mas acreditamos ter um
cardápio com preços razoáveis e mais baixos do que a maioria dos
restaurantes de burger em São Paulo -que vendem burgers grandes e com
ingredientes top", diz a nota
Antes, em entrevista à Folha,
o chef havia dito que falta controle sobre o conteúdo publicado. "Nos
comentários das pessoas, o que se faz em casa está sendo comparado com o
que se faz no restaurante. Todos acham que a gente paga metade do preço
pelos produtos, mas não é assim. Eu pago impostos em cima das coisas
que eu compro e que eu vendo", afirma.
Yoller
questionou o fato de o site sugerir um boicote ao estabelecimento "Eu
quis fazer um milk-shake diferente, com ingredientes que são caros. Que
boicotem este item e não o meu estabelecimento. Eu tenho tudo do melhor e
um hambúrguer de 180g a R$ 19. Quem faz isso nesta região?".
O
cliente insatisfeito com o preço cobrado pelo omelete no Bar da Dona
Onça, que assina como "BrunoFJ", afirma que não vai retornar ao lugar.
"Come-se bem por aí em restaurantes do mesmo nível pela metade do
preço", escreveu.
A
chef Janaína Rueda, proprietária do bar, acredita que isso não seja
possível. "A gente trabalha com matéria-prima de alta qualidade, mais
cara do que a que é vendida no supermercado. O ovo é orgânico, o queijo é
da Serra da Canastra, custa R$ 40 o quilo. Os meus fornecedores são os
mesmos do D.O.M e do Attimo, e nós temos um preço cerca de 30% menor.
Além disso, eu gasto mais com segurança por estar no centro da cidade",
afirma.
A
chef acredita que por ter um bar, algo vinculado a uma imagem
"despretensiosa", a cobrança pelo preço menor aumenta. "Cobramos valores
justos. Se eu mostrar para qualquer contador quanto a gente ganha ele
vai falar: 'Não é possível que você trabalhe tanto assim e ganhe isso'.
Eu não posso trabalhar de graça, não posso não ter um salário", disse
0 comentários:
Postar um comentário